Cadê a Lorena?

 

POV Justin

 

Minha cabeça estava explodindo como se a cada segundo um fogos de artifício fosse solto em meu cérebro. Eu sentia meu corpo pesado, não conseguia fazer nenhum movimento. Estava deitado de bruços e fiquei alguns segundos tentando recobrar a consciência, mas aquela dor de cabeça não estava me deixando pensar. Parecia que eu havia estado dormindo a uns cinco dias direto, mas era apenas o efeito da anestesia passando. Tentei fazer um mínimo movimento com as mãos possível, mas tudo que era simples antes, exigia um esforço descomunal agora.

 

– Filho? – a voz da minha mãe falou bem próximo de mim sem eu ao menos notar que ela estava ali. – Está despertando? Não precisa ter pressa. – disse numa voz aparentemente tranquila. – Correu tudo bem.

 

Tentei responder alguma coisa, mas a voz não saía da minha garganta e eu nem ao menos conseguia mover os lábios. Fiquei apenas deitado na mesma posição sentindo meu corpo cansado.

 

– Está se sentindo bem? – perguntou e senti o toque de suas pequenas mãos em meu braço. – Não precisa responder, mas me dê algum sinal se caso esteja se sentindo mal. – disse com preocupação e o único esforço que conseguir fazer foi o de levantar um pouco o dedo indicador e balançar de leve para dizer que não estava me sentindo bem. – Vou chamar a enfermeira. – disse e tirou suas mãos de mim.

 

Ouvi apenas a porta sendo aberta e seus gritos de longe chamando a enfermeira. Já me sentia mais despertado, apesar do meu corpo está muito mole ainda. Só queria me sentir bem logo e voltar pra minha casa, agarrar meus filhos e matar toda a saudade que eu estava da Lorena.

 

– Como está se sentindo, senhor Bieber? – perguntou a enfermeira e eu finalmente abri os olhos vendo apenas vultos. Minha visão estava um pouco embaçada.

– Mal. – balbuciei com a voz rouca.

– É apenas o efeito da anestesia passando. – disse a enfermeira numa voz tranquila.

– Quando ele pode ir embora? – perguntou minha voz numa voz preocupada.

 

Pisquei repetidamente meus olhos e já conseguia enxergar melhor.

 

– Quando ele estiver se sentindo disposto.

– Filho, vamos. Levante e tome um banho. – disse minha mãe se abaixando pra colocar seu rosto perto do meu e encarei seus olhos preocupados.

– Calma. – a enfermeira se meteu. - Sem muita agitação porque o líquido da medula dele está em processo de preencher o líquido que foi retirado para o transplante. – concluiu explicando.

– Acho que já consigo me levantar. – falei ainda com a voz cansada.

– Então tente. Se sentir alguma tontura, é normal. Tome um banho e volte pra cama até se certificar que você está cem por cento bem. – disse.

 

Me mexi na cama um pouco desconfortável e com ajuda da minha mãe me pus sentado.

 

– Como a Cindy está? – perguntei sentindo a dor de cabeça ficar menos aguda.

– Está dormindo. – sorriu ao meu responder. – Estamos esperando ela acordar para fazermos os exames de rotina e nos certificar que correu tudo bem e então já podemos agendar a liberação dela. – sorriu emocionada.

– Então já está tudo bem? Não tinha chances disso dar errado? – perguntei sentindo a calma preencher cada espaço do meu corpo.

– Não. – sorriu. – Se a medula é compatível, não tem chances de dar errado. Você foi enviado por Deus, garoto. – brincou.

 

Eu e minha mãe nos olhamos e rimos com os olhos marejados. Minha mãe se aproximou me abraçando.

 

– Então que exames são esses? – perguntei querendo saber.

– Exames de sangue pra medir a anemia que ela está. A imunidade fica baixa e a criança quase sempre fica um pouco anêmica nessas situações, mas isso não é grave. O pior já passou.

– Vamos então, meu filho. – minha mãe disse um pouco apreensiva.

– Calma, mãe. Que pressa é essa? – perguntei irritado sem entender.

– É que eu não aguento mais esse hospital, não tenho lembranças boas de hospitais. Tenho visitado muitos ultimamente. – respondeu, mas pareceu mentir.

 

A enfermeira pediu licença para sair do quarto enquanto eu analisava minha mãe por alguns instantes me perguntando por que ela ainda estava agindo estranho. Aquilo não era coisa da minha cabeça como ela e Ryan havia falado. Eu podia sentir que algo estava errado, mas quando ia perguntar, ela se prontificou primeiro.

 

– Eu trouxe uma roupa pra você trocar. Tome um banho. – disse firme saindo do quarto estalando seu salto no chão com rapidez.

 

Fiquei encarando a porta que ela havia fechado ao sair por alguns instantes. Aquilo estava estranho pra caralho e já estava me irritando. Esse comportamento da minha mãe não era normal. Levantei da cama sem muita dificuldade. Já me sentia melhor, apesar do corpo fraco. Tomei um banho gelado pra despertar mais rápido. Enrolei a toalha branca na cintura e saí do box. Caminhei até o lavatório e desembacei o espelho com a mão me virando de costas e notando a pequena marca que a agulha do transplante havia deixado ali. Tudo estava bem, finalmente. Minha única preocupação agora seria pegar o Lúcio e me certificar que nada mais me aporrinharia. Vesti a roupa e vi que havia um estojo transparente ali com uma escova de dente e pasta de dentes. Isso era coisa da minha mãe, com certeza. Agradeci em pensamento dando um sorriso meia boca pra mim mesmo e voltei até o lavatório escovando os dentes. Quando acabei, saí do banheiro esfregando a toalha branca no cabelo pra secar os fios molhados e dei de cara com o médico me esperando com um sorriso.

 

– Dormiu bastante, hein garoto. – brincou e eu sorri sem graça. – Como se sente agora?

– Bem. – respondi com sinceridade. Aquele banho havia sido essencial.

– Bom, tudo correu bem. Cindy ainda está dormindo, mas está tudo bem com ela. A equipe inteira está muito contente com os resultados e posso dizer por mim que hoje é dia de festa e comemoração aqui no hospital. – sorriu. – Cindy é muito querida por todos.

 

Sorri orgulhoso por ouvir aquilo.

 

– Já posso vê-la?

– Pode, mas não a acorde, por favor. Tudo tem que ser natural e tente tirar um pouco a Kimberly do quarto. Ela não come direito nem dorme bem a dias. Já está tudo bem, eu posso garantir isso a vocês, não tem mais com o que se preocupar. O ideal é que ela volte a rotina normal, vá em casa, tome um banho e o hospital ligará assim que Cindy acordar.

– Duvido que eu consiga tirar ela daqui, mas vou tentar.

– Bom, e você já está liberado também. Já dormiu o suficiente pra se recuperar. – sorriu. – Vou providenciar sua liberação. – assentiu saindo do quarto e eu logo saí atrás indo em direção do quarto da Cindy.

 

Abri a porta devagar e Kimberly dormia cansadamente no sofá. O quarto estava um silencio e eu fiz o mínimo de barulho possível fechando a porta. Me aproximei da cama de Cindy e beijei sua testa. As lágrimas marejaram meu rosto e apenas uma insistente desceu antes que eu pudesse secar. Minha filha estava viva, nada poderia pagar isso. Passei o polegar por sua bochecha vendo sua respiração tão lenta e calma. Havia cor em seus lábios, em sua pele. Havia vida em seu corpo. Fiquei ali alguns minutos e em seguida me aproximei do sofá sacudindo a Kimberly lentamente até ela acordar num susto.

 

– O que aconteceu? – perguntou já preocupada.

– Nada. – ri pelo nariz achando graça da sua cara assustada.

– Você já acordou? – franziu a testa se ajeitando no sofá.

– Não. Estou dormindo, mas meu espírito veio te acordar. – respondi com deboche e ela revirou os olhos.

– Ótimo momento pra gracinhas. – reclamou.

– Ótimo mesmo. Minha filha está bem, já estou liberado, já posso voltar pra minha família.

 

 

– Pros seus filhos você quis dizer, né? – implicou.

– Pra Lorena também. – falei sentindo a necessidade de lhe dizer que estava com Lorena, como se ostentasse um prêmio pra ela.

– Voltaram? – perguntou cruzando os braços e levantando uma sobrancelha.

– Sim. – ri convencido.

– Até quando? – perguntou com deboche.

– Olha, eu estou de bom-humor, dificilmente você me irritará hoje. – falei relaxando no sofá ao seu lado.

– E é exatamente nesses momentos de bom-humor que você irrita todo mundo.

– Só os que eu gosto de irritar. – falei cutucando sua barriga e ela se virou me dando um olhar matador.

 

 

Minha Kimberly estava de volta! Aliás tudo estava finalmente em seu devido lugar.

 

– Bom, tenho que ir. – falei tomando impulso pra me levantar do sofá. – E é melhor você ir em casa, tomar um banho e tirar essa cara amassada que você está.

– Só saio daqui com a minha filha. – respondeu sem me dar atenção.

– Tá, eu tentei. – dei de ombros saindo do quarto dando de cara com a minha mãe já na porta.

– Estava te procurando! – reclamou. – Vamos logo. – disse e saiu na minha frente.

 

Ah, mas aquela porra já estava me irritando pra caralho.

 

– Qual é, mãe? – perguntei irritado fazendo ela se virar pra mim.

– Que foi? – perguntou sínica.

– Porra, você tá estranha pra caralho e se eu perguntar mais uma vez o que é e você dizer que não é nada, eu faço uma loucura. – brinquei num tom sério pra ver sua reação.

– Você bate em mim e eu arranco sua mão. – falou autoritária e eu ri.

– Qual é, mãe. Cindy está bem, está tudo perfeito. Qual o problema, dona Pattie?

– Eu só quero ir embora logo, não sei se você sabe, mas eu fiquei aqui o dia todo esperando esse transplante acabar.

– Que horas são? – perguntei confusa.

– Sete e quarenta e cinco da noite. – respondeu entediada.

– Cadê o Ryan?

– Voltou pra casa. – respondeu impaciente. – Vamos logo, Justin!

– Vai descendo, vou resolver umas paradas aqui e já estou indo.

 

Ela pensou em dizer alguma coisa, mas desistiu e virou as costas entrando no elevador. Fiz um sinal para um dos capangas que estavam ali no corredor e ele se aproximou.

 

– Algum problema aqui?

– Nada, senhor. – respondeu firme.

– Ótimo. Vocês vão ficar aqui no andar até a Cindy ser liberada e depois vão fazer a escolta da Kimberly até a minha casa. Vou mandar um dos capangas que estão lá embaixo pra deixarem um carro aí pra ela, avisa isso pra ela. – falei sério.

– Sim, senhor.

– Se a Cindy chegar em casa com um fio de cabelo a menos, eu vou tirar uma coisa importante de vocês também. – falei apontando pra suas partes de baixo e ele engoliu a seco.

– Nada acontecerá com ela, senhor. – disse sem me encarar e eu bati em seu ombro me afastando.

 

Já estava no estacionamento e observei todos aqueles homens rodeando o hospital. Me aproximei de um dando a instruções.

 

– Podem ir embora. Os capangas que estão no andar vão continuar aqui. – falei mandão e ele assentiu. – Deixa apenas um grupo aqui e deixem um carro também. – conclui e ele se afastou indo em direção aos outros.

 

Me aproximei do meu carro estacionado e minha mãe já estava la dentro me esperando e parecia impaciente. Abri a porta do carro e me sentei no banco do carona. Ajeitei o retrovisor e virei a chave. Só então olhei pra minha mãe e observei que ela chorava.

 

– Ai, meu caralho! – reclamei manobrando o carro e saindo do estacionamento do hospital. – Qual é, coroa? O que aconteceu agora? Tá emocionada? – brinquei, mas ela não sorriu de volta.

– Só quero chegar em casa. – disse escorando a cabeça na mão.

– Mãe. – falei serio mantendo minha cabeça virada pra ela enquanto dirigia e ela me olhou de volta. – O que tá acontecendo? – perguntei irritado dessa vez.

– Nada, Justin! – reclamou desviando o olhar.

– Nada porra nenhuma, mãe! Você está chorando por quê? – gritei socando o volante.

– Em casa a gente conversa, por favor. – disse se desesperando e percebi suas mãos tremendo.

– Em casa porra nenhuma, Pattie! Fala logo. – falei nervoso mal olhando pra estrada.

– Justin, dirige direito. – disse mandona e eu soquei o volante outra vez já sabendo que ficaríamos naquela discussão até em casa e ela não me falaria nada.

 

Troquei as marchas acelerando e corri na estrada. A preocupação já tomava conta das minhas veias, agora eu tinha certeza que alguma coisa estava errada e que não era apenas uma preocupação da minha mãe. Alguma coisa estava muito errada.

 

 

Ouvi as buzinas reclamando do meu jeito de dirigir e sabia que algumas multas chegariam em meu correio, mas eu só tinha que chegar em casa e me certificar de que Lorena, Alice e Chuck estavam bem. Depois de uns 10 minutos dirigindo feito um louco, consegui fazer meu recorde de tempo da distancia do hospital até em casa. Já via o portão branco sendo levantado quando meu carro chegou na esquina e minha mãe cada segundo chorava mais e desesperadamente. Entrei no jardim e mal estacionei direito e abri da porta pulando pra fora e correndo até em casa.

 

 

Abri a porta com força e ela bateu na parede com tudo. Ryan, meu pai e Jazmyn pularam do sofá levando um susto assim que eu cheguei Olhei um a um enquanto eles me olhavam de volta com uma expressão nada boa. Subi as escadas com pressa e abri o quarto das crianças. Estava vazio. Fechei as mãos em punho e voltei pro corredor indo até o meu quarto.

 

 

Era a minha última esperança. Já sentia meu corpo quente, antes de abrira porta, eu já tinha certeza que eu não iria encontrar eles ali. Feito! Minha respiração estava ofegante e eu senti meu corpo em chamas. A raiva agitava as batidas do meu coração. Desci as escadas correndo com sangue nos olhos. Minha mãe já estava na sala chorando no sofá. Me aproximei do Ryan segurando-o pela garganta e meu pai me agarrou tentando me puxar.

 

– Cadê a Lorena? – gritei com ódio sentindo as veias do pescoço do Ryan sobre minhas mãos enquanto ele tentava se livrar do meu apertão.

Tópico: Cadê a Lorena?

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karol drew | 11/08/2014

Mt bem feito ! HAHA ' Orgulho ... Velho amigo orgulho né jus? Né, LORENA?! '-'

bem feito

Marii | 20/09/2013

acho pouco a lorena ter fugido do justin, ele é um mane tambem! ele tem uma filha e nao conta pra ela e alem do mais vai levar a kimberly pra ir morar com ele! "MINHA KIMBERLY ESTA DE VOLTA" VSF JUSTIN

Bad :(

Maay' | 01/05/2013

very bad,very bad :(

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