You Can't Break A Broken Heart

 

POV Lorena

 

A claridade do quarto do hospital feriram meus olhos. Mesmo abrindo-os com calma, ainda estava me irritando. Uma dor aguda surgiu no meio da minha testa me fazendo fechar meus olhos com força. Esperei um pouco até minha vista estar mais acostumada e comecei a abri-los lentamente. Queria tanto ir pra casa logo. Pelos menos já havia amanhecido. Depois que Ryan estava aqui, eu simplesmente tive uma crise de choro. Aquilo doía demais. Era mais do que toda a dor carnal que ele provocou em mim. Simplesmente minha alma doía. Sentia-me tão envergonhada. Ryan, Fernanda, Jeremy, Pattie... todos sabiam o que havia acontecido e eu não conseguia encará-los. Por mais que o errado fosse Justin, eu me sentia mal, me sentia muito humilhada. Justin! Senti meu peito apertar só de pensar que eu consegui apenas sobreviver sem ele por meses e tinha jogado tudo para o alto e agora estava aqui na estaca zero tendo que começar tudo de novo. Teria que esquecê-lo mais uma vez. Por mais que eu lembrasse que esses meses não tinham sido fáceis, mas pelos menos eram três meses. Três meses sem me enganar com suas doces palavras, três meses sem acreditar que um dia poderíamos ser um casal normal. Três meses sem beijo, sem seu abraço. Três meses sem seus olhos a me olhar de forma profunda. Três meses eram três meses. Era como um alcóolico ficar longe de sua bebida durante esse tempo todo e mais uma vez ser enfeitiçado por ela. E Justin era exatamente como o álcool. Podia toma-lo para mim e ele me faria acreditar que tudo era perfeito, que as pessoas são bonitas e que eu sou feliz. Mas logo o efeito passava e ocorria exatamente igual quando as pessoas se desesperam por lembrar o que fizeram quando estavam bêbadas e enganadas pela bebida. Fora que ainda detalhadamente deixada seu gosto de fel em mim. Falso, mas tão tentador. Tão perfeito, tão doce, tão viciante. Justin, por que simplesmente você não pode ser perfeito? Aliás, não queria que fosses perfeito, mas que simplesmente não destruísse meu coração. Apenas isso. Mantenha meu coração intacto porque você está dentro nele. Pense pelo menos nisso! Algumas lágrimas desciam em meu rosto e eu encarava o teto. Por mais que ele fizesse tudo para ser odiável, meu amor era maior. Queria apenas não ser tão dependente do seu sorriso. Meu coração estava acelerado com as lembranças. Não sei o que doía mais: lembrar que ele um dia foi perfeito ou lembrar o que ele havia feito. Fiquei ali por algum tempo me martirizando até que ouvi a porta ser aberta devagar. Pattie entrou vagarosamente fechando a porta e se aproximando de mim. Tentei limpar lágrimas antes que ela as visse. Sentei na cama dando um sorriso sem humor.

 

– Como está se sentindo? – perguntou com um sorriso fraco enquanto passava a mão de leve em minha testa.

– Bem. – mentí com a voz um pouco fanha.

– O médico já te deu a liberação. Podemos ir pra casa. – disse doce.

– Pattie... – comecei a falar, mas a voz saiu fraca. – Não posso voltar pra sua casa. – falei já sentindo o choro embolar na minha garganta.

 

Ela me encarou alguns segundos. Reprimiu os lábios e as lágrimas começaram a descer. Senti tanta pena dela. Ela estava sofrendo muito pelo o que o filho tinha feito.

 

– O que eu posso te falar? Não posso obrigar você a ficar lá, mesmo sabendo que você levará meus netos. – disse chorosa.

– Você poderá vê-los quando quiser. – tentei reconfortá-la.

– Não será a mesma coisa. Estou acostumada a acordar e ir vê-los. Por que meu filho fez isso, Lorena? Eu quero apenas te pedir desculpas, eu nem sei o que te dizer, eu estou muito envergonhada. – falei cabisbaixa.

– Não, Pattie! Mil vezes não! Isso não tem nada a ver com você! Isso tem a ver com o que o Justin se tornou. Tenho certeza que isso não era o que você planejava para o futuro dele.

– Mesmo assim. É impossível você tirar do coração de uma mãe a culpa quando um filho faz algo errado. – disse ainda mais triste.

 

Levantei-me da maca e a abracei. Pattie sempre me ajudou tanto. Era muito ruim ver seu estado.

 

– Olha, eu e Justin podemos não estar mais juntos, porque pode haver amor, não nunca houve respeito. Nós não começamos pra durar pra sempre, nada é pra sempre, mas você será pra sempre a avó dos meus filhos. – falei me emocionando.

 

Nos abraçamos mais uma vez e ouvimos a porta ser aberta. Ryan adentrou dando um sorriso sem mostrar os dentes.

 

– Estou atrapalhando alguma coisa? – perguntou confuso.

– Não. – falei e Pattie sorriu fraco.

– Quer ir embora agora? Eu estou de carro e levo vocês. Jeremy já foi pra casa e eu deixei a Fernanda em casa porque esse ambiente aqui não estava fazendo bem a ela.

– Quero, quero ir. – falei secando o resto das lágrimas.

 

Resolvemos tudo que tínhamos que resolver com o hospital e o médico apenas receitou alguns remédios caso eu sentisse dor de cabeça. Decidi que ia até a casa da Pattie apenas para pegar minhas coisas e levar para a casa da minha mãe. Não estava mais me importando com o que meu pai iria dizer ou pensar, eu só não podia ficar mais no mesmo teto que o Justin, aquilo não faria bem pra mim.

 

– Eu só tenho uma notícia não muito pra dar pra vocês. – disse Ryan já dirigindo e eu o olhei pra ele esperando que ele progredisse.

 

 

Ele deu um sorriso meia boca e soltou o ar pelo nariz.

 

– Jeremy arrebentou com o Justin. – disse sentindo prazer naquilo.

– O que?! – a voz da Pattie saiu um pouco alta e eu apenas me calei não acreditando naquilo.

– Passei lá e procurei por ele. A casa tava num maior silêncio, Jeremy nem estava mais lá. As babás me olharam assustadas quando me viram chegar, estavam no jardim com Alice e Chuck. Aí eu subi pra caçar se alguém estava em casa e fui até o quarto dele e lá estava ele todo morgado, desmaiado. A cara toda lanhada, parece até que apanhou de uns 10 homens. – disse terminando com uma risada.

 

Levei uma mão à boca sem acreditar. Mas ele merecia!

 

– Meu Deus, quando eu acho que um problema já está resolvido, aparece outro. – disse Pattie bufando no banco de trás.

 

Ryan estacionou o carro e Pattie foi a primeira sair. Certamente foi ver como o Justin estava.

 

– O que você vai fazer agora? – perguntou Ryan já do lado de fora do carro assim que eu bati a porta.

– Arrumar minhas coisas e ir embora. – dei de ombros.

– Pra onde? – cruzou os braços desconfiado. – Você sabe que agora eu vivo mais aqui do que lá naquele apartamento.

– Vou pra casa dos meus pais. – falei meio óbvio.

– Lorena, - falou de forma pesada. – Não faz isso com você mesma. Você sabe que lá o seu pai vai ficar enchendo o seu saco. Sua mãe é uma mosca morta quando seu pai está aí. Como você vai criar essas duas crianças?

– Ryan, eu não posso mais ficar aqui. – falei cabisbaixa.

 

Houve um breve silêncio e eu ouvia apenas sua respiração alta.

 

– Lorena, eu estou odiando o Justin agora mais do que todos, mas eu sei que ele só fez isso porque ele perdeu a cabeça, ele não é uma pessoa ruim.

– E você quer que eu fique pra verificar se ele é uma pessoa boa ou não? Só que da próxima vez talvez eu não tenha tempo de te dizer depois se ele é bom ou ruim de fato. Talvez eu esteja morta. – falei séria.

– Tá, então me diz pra onde você vai, porque eu não vou deixar você ir pra casa dos seus pais. – falou mandão.

 

Senti meu celular vibrar no meu bolso e o peguei já sabendo que era uma mensagem.

 

“Causei algum pbm naquele dia? Só queria te ver... me desculpe qlqr coisa. –Chaz”

 

Sorri fraco levantando a cabeça e encarando o Ryan que me olhava confuso.

 

– Já sei pra onde eu vou. – falei dando de ombros e me virei pra entrar em casa.

 

 

POV Justin

 

Já havia despertado, mas estava foda demais mexer meu corpo. Parecia que tudo agora estava mais dormente. Fiquei algum tempo acordado ainda de bruços tentando ter forças pra levantar. Já estava de manhã, isso eu tinha certeza pela claridade que entrava pela janela iluminando todo o quarto. Ouvi a porta ser aberta, mas estava de costas e não tive forças pra virar para ver quem era.

 

– Justin? – ouvi a voz da minha mãe e apenas abrir os olhos e ela já estava do meu lado da cama sentada na beirada. Suas mãos frias vieram até meu rosto e eu queria abraça-la, mas não tinha forças. – Eu não acredito que isso está acontecendo... – disse e pude ver seu sofrimento através das lágrimas que escorriam.

– Desculpa... – sibilei sem forças.

– Não consegue se levantar? – perguntou com a voz fraca.

– Não. – respondi fraco um pouco envergonhado.

– Vem cá. – disse segurando meu braço com as duas mãos e eu fiz toda a força do mundo para ajuda-la a erguer meu corpo.

 

Tentei ter forças por ela, porque na verdade ela era tão pequena e tão fraquinha que suas mãos segurando forte em meu braço não estavam me ajudando muito. Caminhei lentamente enquanto ela me conduzia até o banheiro. Tirei minha blusa com um pouco de dificuldade e entreguei para ela. Tirei minha bermuda e entrei no box de boxer. A água morna caindo em contato com a pele machucada ardeu um pouco, mas respirei fundo enfiando a cabeça embaixo da água. Sentia a falta da Lorena, precisava vê-la. Não demorei muito no banho, e quando saí do boxer minha mãe não estava mais lá. Tirei a boxer e me enrolei em uma toalha. Todos os meus movimentos eram calmos, meu corpo doía pra caralho. Caminhei de volta pro quarto e minha mãe havia deixado uma roupa separada em cima da cama. Comecei a vesti-la. Me arrumei tentando ser rápido.

 

 

 

Queria ir ao hospital, já estava fodido mesmo! Não conseguia sentir raiva do meu pai. Eu merecia toda aquela dor que estava sentindo, a carnal e a outra. Saí do quarto pegando minhas chaves e já no corredor ouvi um barulho vindo do quarto da Lorena.

 

 

Franzi a testa confuso e caminhei indo até lá. Parecia que estava tendo uma miragem. Não acreditei que fosse ela. Estava ali, de costas pra mim arrumando algumas coisas dentro de uma mala grande. Parecia tão... bem. Parei de respirar por alguns segundos. Ela estava indo embora?

 

 

Empurrei a porta devagar, mas mesmo assim ela rangeu fazendo Lorena olhar para trás e mudar sua fisionomia assim que seus olhos bateram nos meus.

 

POV Lorena

 

Voltei a dobrar minha roupa como se a presença dele ali não tivesse causada nada em mim. Como se aquele arrepio no meu braço não existisse. Como se meu coração estivesse batendo normal. Meu corpo enrijeceu. Não quis mais encará-lo, mas pude ver o quanto ele estava machucado. Sua expressão de tristeza quase me fazia acreditar que ele realmente estivesse arrependido. A porta rangeu mais uma vez e desejei que ele tivesse fechado e ido embora, mas logo seus passos e sua respiração ficavam mais próximos de mim. Fechei os olhos ainda de costas. Uma lágrima insistente escorreu pela minha bochecha assim que fechei os olhos.

 

– Você vai embora? – ouvi sua voz fraca atrás de mim.

 

Soltei a ar de forma lenta tentando compassar a respiração e os batimentos. Apenas assenti voltando a enfiar algumas blusas dentro da mala. Não queria encarar aqueles olhos, não queria e não podia.

 

– Por favor. – sua voz saiu falhada. – Não faz isso, vamos conversar. Você não pode me deixar.

– Não temos o que conversar. – falei ainda sem encará-lo ainda de costas.

 

Sua mão fria tocou meu braço próximo ao ombro com força me forçando a ficar de frente pra ele.

 

 

Seus olhos estavam marejados. Ele reprimia os lábios numa tentativa frustrada de impedir o choro. Meu coração apertou e eu apenas o olhei sem expressão.

 

– Você não pode ir.

– Acredite: eu posso. – falei tentando ficar séria, mas seu estado estava deixando meu coração em pedaços mais ainda.

– Você não pode jogar tudo pro alto por causa disso, não pode desperdiçar tudo que nós temos!

 

 

– O que nós temos, Justin? Eu tenho apenas marcas em meu pescoço e você pelo corpo todo, isso é tudo que temos agora. – falei séria.

– E os nossos momentos bons? E tudo que você me disse a respeito de me amar exatamente como eu sou?

– Justin, eu te aceitei exatamente como você é, com a vida que você leva. Sei que você só voltou a tona com tudo isso por causa de mim, por causa das pessoas que queriam nos prejudicar. Você matou, queimou e acabou com todos que estavam no nosso caminho só para me proteger, mas agora me diz só uma coisa: quem vai me proteger de você?

– Ninguém precisa proteger você de mim. Você é minha mulher, porra! Eu nunca faria você mal! – disse se irritando.

– Então por que fez? – acompanhei seu tom de voz.

– Por que você me humilhou na frente de todos! – gritou com ódio.

– Você é mesmo muito infantil, Justin! Eu te humilhei? E isso bastou pra você quase me matar? Se essa é a sua concepção de certo ou errado, tudo bem, estou indo embora e não sou mais obrigada a concordar ou discordar do seu ponto de vista. – falei com superiodade voltando a entulhar as roupas na mala.

– Lorena, por favor, fica! Isso nunca mais vai se repetir, você tem que confiar em mim... eu sou o seu Justin! - falou puxando meu corpo e colando nossos corpos quase que em uma súplica.

 

 

– Justin... por favor. – sibilei baixando sentindo o ar faltar, sentindo meu corpo desfalecer com seu toque.

– Eu não vou mais quebrar o seu coração, me deixe consertar o que eu fiz, me deixe consertar o seu coração... – falou enquanto algumas lágrimas escorriam. Vê-lo mal acabava comigo, mesmo que ele merecesse!

– Eu sei que você não vai mais quebrar o meu coração, Justin... – falei sentindo as lágrimas chegarem. – Você não pode partir um coração que já está partido. – falei soltando uma risada forçada pelo nariz, mas meus olhos choravam.

 

Terminei de fechar a mala e Justin apenas ficou parada sem reação me olhando terminar de arrumar minhas coisas. Puxei a mala de rodinhas até a porta e seus braços me alcançaram.

 

– Você não pode fazer isso com a gente. – falou ainda chorando.

– Não sou eu que estou fazendo. Você já fez!

– Eu quero consertar, eu posso consertar tudo que eu fiz.

– Você não pode consertar o que já foi feito. Você tinha apenas que não fazer.

– Eu perdi a cabeça... – falou fraco.

– E me perdeu. – conclui saindo pela porta.

 

Ouvi alguma coisa se espatifar no meu quarto, com certeza ele começaria a quebrar tudo, mas não quis me importa. Já estava certa do que iria fazer. Não podia mais conviver com isso assim. Não podia conviver com o rumo que minha vida havia levado. Isso era loucura, não era amor. Quem ama não tenta matar e eu precisava recuperar o meu valor o mais rápido possível. Desci as escadas suspendendo a mala. Abri a porta de entrada e Ryan ainda estava encostado no carro com a mesma expressão séria. Pattie estava em um dos bancos do jardim brincando com meus pequenos tentando esconder a tristeza. Que saudade! Levei a mala até o carro e não quis olhar para Ryan porque sabia que ele não concordava com nada daquilo, mas a vida era minha e única que eu sabia é que Justin não me merecia mais. Me aproximei do jardim e Pattie me olhou um pouco triste. Ryan já devia ter lhe informado, mas tudo bem, não me importava. Era minha felicidade que estava em jogo. Sei que ela não queria que meus filhos ficassem longe do pai. Apesar de tudo, não podia negar que Justin tem sido um bom pai, mas eu não poderia ir embora e deixa-los aqui de forma alguma. Me abaixei me curvando no carrinho e peguei Chuck e beijando sua bochechinha. Não podia passar meio dia longe deles que já parecia a eternidade.

 

– Já vai? – perguntou Pattie um pouco triste com Alice nos braços.

– Vou, me ajuda a coloca-los no carro? – perguntei virando as costas indo em direção ao carro.

 

Coloquei Chuck na cadeirinha e logo Pattie me entregou Alice e a coloquei sentadinha ao lado do irmão. Meu coração doía, mas parecia que eu já estava acostumada a sorrir e fingir que estava todo bem, mesmo que Ryan e Pattie soubessem que nada estava bem. Abracei Pattie demorado e entrei no carro. Ryan entrou no carro sério e com a testa franzida. Estava triste, mas mesmo assim o sentimento de que eu tinha que virar aquele jogo estava maior dentro de mim. Eu tinha que recuperar toda a minha vida que perdi em função do Justin. Eu tinha que recuperar tudo de bom que eu tinha antes de conhecê-lo, principalmente o meu orgulho.

Tópico: You Can't Break A Broken Heart

chorei mt

Marii | 18/09/2013

eu sei o que Justin foi o maior canalha de todos: traiu ela, bateu, quase matou... mas eu fiquei com me coraçao apertado, eu sei que ela ta fazendo o certo em ir embora, mas eles sao amam tanto :(

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